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Tédio na Infância: é necessário acabar com ele?

Se para os adultos o tédio nem sempre é bem-vindo e pode até ser algo aterrorizante, o relacionamento das crianças com esse sentimento tende a ser ainda mais complicado e desafiador. Em um mundo que exige estarmos ocupados e conectados, falta tempo e paciência para lidar com até mesmo o mais baixo nível de tédio. Estamos cercados por uma sociedade que supervaloriza a produtividade e a competição, fazendo com que adultos, pais, familiares e educadores projetem essa inquietação na rotina das crianças e procurem cada vez mais por alternativas para acabar com o tédio na infância. Mas será mesmo a melhor coisa a se fazer?
O significado da palavra tédio por si só já é algo negativo. No entanto, ainda que muitas pessoas custem a acreditar, o tédio é um sentimento importante e necessário, inclusive na infância! Vez ou outra precisamos lavar a louça, lidar com uma situação que não gostamos, fazer um longa viagem de carro, esperar na fila do banco ou no consultório médico. Em diversos momentos da nossa vida precisamos administrar o tédio e tentar usá-lo ao nosso favor.
Ele pode ajudar a melhorar a nossa conexão com nós mesmos, a nos conhecer mais e a melhorar nossa criatividade e imaginação. Percebe como isso é importante para as crianças?

Além de estarmos acostumados a ignorar o tédio, é perfeitamente normal que os pais queiram preparar os filhos para o futuro. São tantas opções de atividades, livros, brinquedos, desenhos, que o tédio na infância pode ser facilmente eliminado. Isso resulta em crianças sobrecarregadas de afazeres e que não conseguem aproveitar os benefícios de “não fazer nada”. É preciso cautela e equilíbrio aqui.
Para que o desenvolvimento infantil não seja impactado negativamente, é importante ter a mente aberta para o tempo livre, mesmo que ele seja bem monótono. O tédio, além de sinalizar que algo possa estar errado e impulsionar para uma mudança, encoraja a criatividade e o aprendizado, uma vez que pessoas entediadas tendem a ser mais propensas a questionar e a serem menos acomodadas.
Esse estímulo de mudança, de querer sair da inércia, quando bem administrado, pode resultar em uma infância mais feliz, livre e criativa. Lembre-se: grandes histórias e invenções foram criadas por pessoas que “não faziam nada”.

Como administrar o tédio na infância

Pais, educadores e familiares podem ensinar as crianças que o tédio é um momento de contemplação. Dar o exemplo é fundamental para que isso faça sentido para elas. É possível transformar tarefas entediantes em algo positivo e dar um novo significado ao tédio. Enfrentar uma pilha de louça, por exemplo, é tedioso só de imaginar. Mas e se encararmos esse momento como uma oportunidade de descobrirmos novas formas de organização?
Além de dar o exemplo no dia a dia, você pode aproveitar os minutos de tédio do seu filho para se conectar mais com ele(a), conversar e demonstrar apoio.
Se em todo momento dermos coisas para as crianças fazerem, elas não terão tempo para descobrirem nada por si mesmas. Ter essa oportunidade é essencial para que elas aprendam a gerenciar o tempo e decidir o que fazer com ele.

“Assim como o medo ou a raiva têm uma importante função na regulação dos nossos comportamentos apesar de serem desprazerosos, o sentimento de tédio também pode ter o seu papel ao nos provocar a necessidade de mudar algo em nossa rotina ou em nossas vidas.”
(Ana Lídia Fonseca Zerbinatti, psicóloga, mestra em comportamento e cognição pela UFSCar e consultora educacional da Escola da Inteligência – trecho extraído de: https://bit.ly/2MutpnC)

O tédio na infância não precisa ser analisado como um inimigo ou como um sinal de que você não está fazendo o necessário para o seu filho. As crianças precisam desse momento para refletirem sobre suas dúvidas, emoções e dificuldades. Depois de alguns minutos, as chances delas encontrarem uma solução criativa e inovadora são bem maiores do que se você der uma alternativa imediata. Nem tudo na vida é imediato e quanto mais cedo soubermos como administrar a nossa relação com o tédio e outras frustrações, mais facilmente iremos encontrar boas respostas.

O que você achou de usar o tédio a favor do desenvolvimento infantil?
Como você lida com o tédio das crianças em casa ou na escola?
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